terça-feira, 24 de abril de 2012

"Sim"



Preta,

Eu sempre acreditei que um dia iria casar com a minha melhor amiga. Nas últimas semanas, o que mais ouvi das pessoas foi: "você está ansioso com o casamento?" E eu respondia: "não". De todas as decisões que tomei, pedi-la em casamento foi a mais serena e racional. Afinal, eu sempre soube que um dia...  iria casar com a minha melhor amiga.

Eu sempre acreditei que amor e amizade são sentimentos que caminham lado a lado. Tive alguns amores e tenho muitas amizades. Mas nunca havia encontrado em ninguém as duas coisas. Difícil saber qual dos dois, em nossa relação, veio primeiro. Arriscaria dizer: foi parceria à primeira vista e amor construído com o tempo. Afinal, eu sempre acreditei que amor e amizade, independente da ordem, são sentimentos que caminham lado a lado.

Eu sempre acreditei no destino, mas também nunca duvidei da existência do acaso. Por isso, não saberia apontar o responsável pelo nosso encontro. Gosto de dividir a culpa entre os dois - e também entre os nossos amigos de faculdade. Foi o acaso que me levou a São Bernardo, ou o destino que me trouxe uma caiçara santista? Não sei. Não importa. Afinal, eu sempre acreditei no destino e no acaso.

Eu sempre imaginei construir uma família tão bonita quanto a que eu cresci, em Interlagos, na casa dos meus pais. E a possibilidade nunca me pareceu tão real quanto ao seu lado. Porque família, Nathy, é aquela que escolhemos para estar ao nosso lado - pode parecer clichê, mas são aqueles com quem compartilham bons e maus momentos.  Eu, Nathy, escolhi dividi-los com você, minha parceira.

Eu sempre me imaginei dizendo isso: "eu vou te amar na alegria e na tristeza, na saúde e na doença". Mas nunca concordei com a parte do: “até que a morte os separem”. E ainda bem que você também não, Nathy. Eu te desejo livre, AMOR,  feliz e realizada. Eu a quero assim, para que estar comigo seja uma escolha, como é, e nunca uma obrigação. Afinal, até agora, foram nossas escolhas que promoveram o nosso encontro.

E é por isso, AMOR, que reunimos tantas pessoas queridas aqui hoje: para reafirmarmos a nossa escolha. Eu, apesar de não parecer, estou tranquilo: lembra, eu sempre soube que um dia casaria com a minha melhor amiga. Você não é só a minha melhor parceira, PRETA. É a minha escolha. Eu te amo. Quer casar comigo?
***


Preto,

Pouco mais de um ano atrás, eu deixei um recado com batom no espelho do banheiro enquanto você dormia e saí. Ainda sonolento, diante da pia, leu o seguinte: “Você está olhando para o homem da minha vida”. E a sua primeira reação foi “será que sou eu mesmo?”.

Há sete anos, você era apenas um japonês tímido e cabeçudo que entrou atrasado no primeiro dia de aula na faculdade de jornalismo. Não foi amor à primeira vista, definitivamente. Você namorava, eu queria curtir solteira essa nova fase da vida. Mas as nossas carteiras nas salas teimavam em se aproximar, estendendo cochichos, risadas e confissões. Em dois meses, você já não estava mais perto de mim – estava dentro. Derrapamos muito no começo dessa história que não parecia ter futuro algum: dos beijos desajustados à incompatibilidade de gênios. Com o tempo, aprendi a desconfiar das primeiras impressões, a construir uma relação em outras bases. Não com a fúria das paixões, mas com lucidez e maturidade. Fomos nos encaixando devagar, só que em definitivo. Porque amor não é olhar para o outro e enxergar só aquilo que a gente gostaria que fosse verdade. É ter a coragem de desvendar cada defeito, mania e diferença. Naquela manhã, deixei você na cama com o pijama mais desgrenhado e um ronco qualquer, mas levantei com uma serenidade profunda e inédita: “é ele”.

É lindo olhar perceber o que há de você em mim – e vice-versa. Uma transformação por convivência, não por imposição. As trocas que geraram um equilíbrio natural. Essa mulher mais calma e plena. Esse homem mais desperto e aberto. Há um ano e meio, encaramos o desafio de viver sob o mesmo teto. E quem convive com a gente sabe que nunca estivemos tão apaixonados, nem mesmo nos primeiros meses de namoro. É por isso que olho para o futuro com otimismo, não com medo. Confio que, ao contrário dos casais fogo-de-palha, cada dia vai superar o anterior em cumplicidade, carinho e admiração. Quando eu estiver povoada de rugas e ainda rabugenta, quero te ouvir me chamando de “véia”... desmontando meu mau-humor com alguma graça barata e infalível. Enquanto tudo o que eu conhecia de amor era peso, você me botou asas. Leve e livre, eu te escolho novamente todos os dias, ignorando qualquer outra opção.

O maior e mais importante contrato não foi aquele assinado no cartório, não é esse diante das pessoas que amamos. O verdadeiro contrato de casamento, Fê, é aquele que firmamos todas as noites, quando enroscamos nossos pés debaixo do cobertor e grudamos testa com testa. E é esse que vamos rever de tempos em tempos, fazendo os ajustes necessários. Virão dias de tédio, cansaço, irritação. As tentações tendem a se multiplicar. Essa é a má notícia: a de que é impossível ser feliz o tempo todo e para sempre. Então, se eu puder pedir uma única benção seria “a capacidade perene de nos reinventarmos”. Que as nathalias das próximas décadas continuem amantes e amadas dos felipes do futuro. Que a gente volte a se apaixonar de novo, muitas vezes, de formas lindamente diferentes. Agora nós dois somos uma família. E pode olhar para esses olhos boiando de alegria. Eles estão refletindo a mesma coisa que te escrevi naquele espelho com batom: “Você é o homem da minha vida”.


3 comentários:

Ana Carolina Desimone disse...

Oi Naattt!!!
Eu sou a Carol, irmã da Mári, tudo bem?
Que lindo os textos de vocês dois, fiquei arrepiada!
Queria desejar as coisas mais maravilhosas do mundo e que a felicidade caminhe sempre ao lado de vocês.
Parabéeeeensss!!!

Super beijo!

ana paula mackevicius disse...

Que lindo!!! Que vcs sejam assim; FELIZES SEMPRE.

Giulliana disse...

Nath querida, acompanhei a história de vcs por Facebook, meio recentemente, e ainda acho graça em ver que a jornalista que conheci nos meus tempos de Época SP, e o 'cara da série acima' dos meus tempos de Colégio Santa Maria estão casando. E mesmo não conhecendo tão bem vocês e conhecendo tão pouco da história de vcs, me emocionei muito com a sinceridade e o afeto das palavras desses votos. É disso que é feito o amor. E é por isso que pessoas como eu, e como algumas outras que sei que existem por aí, nunca vão parar de acreditar no amor.
MUITAS e MUITAS felicidades e que vocês mantenham essa sintonia para sempre!!
Bjssss