quinta-feira, 4 de junho de 2009

O porre que eu adoraria ter tomado



- Vamos nos falar de vez em quando, vai? Preciso tomar minhas doses de você.

Ela ouviu com receio. Tinha pensado no próprio vício também. Entre a abstinência dolorosa e a embriaguez ilusória, o que poderia oferecer a ele depois daquela despedida tão delicada? Combinou que a relação dali em diante seria uma taça de vinho de dias em dias. Nada com alto teor alcóolico que terminasse em ressaca.

Mas ela jura que, naquele momento, quis acreditar que amor pudesse se liquefazer. Teria entornado, com gosto, a garrafa inteira no gargalo. Havia sido linda, aquela história. E seria mais fácil, bêbada, tropeçar nas certezas (e ignorar os soluços). Há algum tempo, percebeu que sua maior sede não é do outro. É de si mesma.

5 comentários:

Marina Gurgel disse...

Ai Nathy adorei o texto...
Você esqueceu de falar que, sim, essas doses do outro viciam.
To com muita saudade!
beijão

Anônimo disse...

Abstinencia. Nao pode deixar a garrafa esfaziar, mas se acontecer, paciencia.

Unknown disse...

Já disse que sou fã dos seus textos?! Bjs

Anônimo disse...

Nathy quando eu acho que amei um texto leio outro e me encanto mais ainda... me identifico com todos, incrível (Carlinha)

Yadomi disse...

Espetacular esse texto!